quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Greve Geral ao trabalho, ao consumo e à moral (24 de Novembro)

Dia 24 há uma Greve Geral convocada contra as medidas de austeridade. Não trabalhemos, mas por todas as medidas tomadas diariamente "em nosso nome" desde aos milénios. Desde as religiões do nada e as religiões que nos prometem o paraíso se sacrificar-mos nossa vida, nosso corpo e nossos desejos e ideais do mesmo efeito.

Há apenas uma coisa que podemos ser donos, apenas uma coisa que nos pode garantir que nossos interesses são pr...ioritários, e essa coisa somos nós mesmo. Passam-se minutos, horas, dias, meses, anos a servir outros, a servir abstractos que se entranham em nós como vícios inquestionáveis. Patrão, pátria, deus, blablabla a lenga-lenga é a mesma porque do mesmo não saímos com nuances e mascaras diferentes. Tão impotentes nos sentimos, que a negação é a saída mais fácil, Jogos diários de servilismo, competição, mesquinhez, consumo, correria, luta-se por controlar e ter objectos, por passar imagens, por vangloriar o vazio, o brilho, por defender e esmagar o trabalho que nunca nas mãos de quem trabalha está, nuances e mascaras, semânticas e moscas. E no meio destes joguetes de poder, institucionalizados ou não, da família, estado, patrão, beleza padronizada, machismos, racismos, homofobias, religiões, imagens, partidos, morais e blablabla que se danem todos, lá fica abandonado e esquecido, o nosso único, a nossa única coisa que podemos e devemos possuir, nós próprios, eu mesmo, tu mesmo,

Já chega das palavras "povo" "bem comum" na boca de quem nem te conhece, sê um gigante em ti mesmo. Mas dia 24 nem proponho revoltas, nem revoluções, a não ser que a revolta queiras demonstrar e praticar, e revolução é uma palavra "manhosa" quando só se trata de poleiro na boca de alguns. Dia 24, se saíres à rua gritando iniciais, lembra-te que essas iniciais não te podem controlar, o que tu dizes, pensas, fazes, sentes.

Nesse dia recusa o consumo físico e moral, não trabalhas, mas não aproveites para começar as compras de natal, não dês as 8 horas (ou as que sejam) do teu dia de trabalho a outra entidade capitalista, não aumentes os lucros da superbock ou da coca-cola. Nesse dia lembra-te da vela que tens para o "dia em que faltar a luz" e usa-a, esquece a internet e o telemóvel, a telenovela e o futebol profissional, o restaurante e o cinema.

Nesse dia faz greve! Faz boicote! Faz sabotagem!

Tenta dedicar o dia a ti, à tua vida, aos teus desejos, à tua prática. Talvez seja o início de algo na tua vida, talvez aprendas alguma coisa contigo mesmo. Não digo qual, fica o dia todo a dormir se o quiseres, faz sexo com @ companheir@ ou com quem quiseres o dia todo, mete em prática uma perversão, vai ter com um amig@ que mora a dois passos de ti no tal encontro adiado, vai correr, vai caminhar, lê ou escreve o que tens adiado, põe em prática uma acção em que à muito pensas, sê espontâneo, passeia com o teu filho, o teu cão, a tua sobrinha, conversa, luta com os teus companheiros ou sozinho.

Faz com que seja mais que uma Greve Laboral, faz com que seja um dia de afirmação de ti próprio, boicota todo e qualquer poder institucionalizado ou não. Não gastes um cêntimo em nada, pára não só a tua empresa, como todas. Dia 24 faz greve ao trabalho, ao consumo, à moral. Greve! Boicote! Liberdade individual!Não queiras o mundo, quer-te a ti mesmo!

2 comentários:

  1. foi isso mesmo que adorei ler e e facto apliquei, eu e toda a gente de nossa casa!Conseguyimos, ir à manif, voltar, comer em casa e nao gastar um tostão!
    Abaixo o capitalismo, viva a liberdade!!!

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  2. "De acordo com Bakunine, o sucesso da revolução a vir dependia exclusivamente, num primeiro tempo, da radicalização das tensões sociais. Esta haveriam de desencadear actos de violência cada vez mais frequentes e mais intensos, que acabariam por abalar totalmente a velha ordem. Seriam especialmente os furiosos, os fulminantes e, porque não?,também os criminosos e os terroristas quem neste ponto ditaria o rumo das coisas..."..."Pode afirmar-se que estas palavras escritas por Bakunine, um pouco por desfastio , sobre a destruição do inimigo «sem reflectir», se preencheram no meio século seguinte com um amplo conteúdo empírico - embora a inocência da primeira irreflexão se deva ter perdido. Elas exprimem o segredo de um habitus da destruição pelo qual as subculturas extremistas do campo da esquerda e, depois, se orientaram primeiro no plano retórico, em seguida, num plano cada vez mais prático. A este respeito, temos de falar de um anarco-fascismo, que antecipava in nuce as principais características dos movimentos fascistas, que haviam de se desenvolver integralmente no período seguinte, fosse o seu estilo de esquerda ou de direita - excepto quanto ao desejo de deter o poder sobre o estado feudal e burguês em apoplexia. Nos casos em que, no século XX, germinou a semente do exterminismo, viu-se aquilo que continham e dissimulavam os seus inícios anarquistas." Peter Sloterdijk, in "Cólera e Tempo.
    A História como imagem do passado contém a nossa visão do futuro!
    Agostinho Magalhães

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