quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Um buraco negro no bolso dos portugueses

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O governo português pressionado/conivente pelas directrizes internacionais dos orientadores do capitalismo europeu em colapso, impõe as novas medidas brutais de austeridade com o intuito de cortar no défice público até 2011 em cerca de 4500 milhões de euros.
Por outro lado as injecções de liquidez dadas pelo Estado através da Caixa Geral de Depósitos ao Banco Português de Negócios ascendem a 4600 milhões de euros, a fim de evitar a falência.
Um banco que se transformou num buraco negro. Um banco com apenas um accionista, a SLN, grupo poderoso de dez accionistas. Ora a SLN possui muitos activos, alguns deles com muito valor. Alguns, activos financeiros puros e duros. Por isso, a pergunta é: por que é que o perímetro da nacionalização foi apenas o banco? No fundo, isto significou que o Estado nacionalizou o prejuízo, e deixou algumas gorduras, algumas riquezas do outro lado. A SLN continua a sua saga no recreio accionista agora com nome de Galilei.
O que levou o BPN à falência e obrigou à intervenção não foi a crise internacional. Foram duas coisas - por um lado, a falência da supervisão, mas fundamentalmente foi o sistema que estava instalado de ilicitudes e fraudes no banco. Na realidade, isso está a ser pago por todos através das injecções da Caixa Geral de Depósitos sem que os accionistas até hoje tenham entregue um tostão para pagar fosse o que fosse.
O Banco de Portugal permitiu este sistema de fraudes e ilicitudes durante dez anos. A única coisa que ficou por explicar é porque permitiu. A supervisão funcionou como uma forma de protecção daquele sistema que estava montado no grupo BPN/SLN e que deu o resultado que deu.
As operações ruinosas (como a famosa ruinosa operação de Porto Rico) davam prejuízo ao banco e ao grupo, mas nem os administradores do banco nem do grupo se queixavam (entre os quais Dias Loureiro, Ministro da administração interna de Cavaco e ex-Conselheiro de Estado na sua presidência e Oliveira e Costa Antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais de Cavaco), porque de facto eram operações que serviam para fazer circular e distribuir o dinheiro por uma série de amigos. E portanto eram operações que não corriam mal porque tivessem sido mal desenhadas do ponto de vista estratégico ou do ponto de vista comercial, mas sim porque já se sabia à partida que aquilo servia para esconder a forma como o dinheiro saía da SLN/BPN para muitas mãos.
Ontem, foram realizadas dezenas de buscas a empresas e escritórios de advogados por todo o país. Em causa está a concessão irregular de créditos bancários, uma alegada burla que ascende a 80 milhões de euros. Estas averiguações recaem sobre um esquema que envolve irregularidades nos créditos bancários concedidos. Com a conivência dos ex-responsáveis do BPN, terão sido autorizados créditos com base em garantias sobrevalorizadas ou, em alguns casos, inexistentes. Alguns dos visados: Fernando Seara, presidente da Câmara Municipal de Sintra, Luís Duque, antigo presidente da SAD do Sporting e vereador da Câmara de Sintra, João Abrantes, genro de Oliveira e Costa, ex-presidente do BPN.
BPN, um buraco negro que não pára de crescer. Das tentativas do governo de o privatizar não aparece comprador  pois tem insuficiências de capital, não cumpre os rácios e ainda muito lodo está para se desenterrar. Muita tinta e capital terá de correr até vir a factura final.

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