terça-feira, 19 de outubro de 2010

Um terço dos clientes mal sabe os custos do cartão de crédito

http://www.caglecartoons.com/media/cartoons/74/2010/10/16/84480_600.jpg
Já se esperava. O Banco de Portugal analisou comportamento das pessoas face aos bancos, (mas não o oposto) e o concluiu que cerca de 34% dos clientes bancários só tem uma vaga ideia ou simplesmente não sabe quais os custos e juros associados aos cartões de crédito, e 5% nem sabe qual o tipo de pagamento que usa no cartão de crédito.
O estudo revela ainda que mais de metade das pessoas inquiridas não sabe ou conhece mal o valor do spread cobrado pelos bancos nos seus empréstimos para compra de casa. E quase metade dos inquiridos admite que não está a realizar qualquer poupança.
Não admira que a maioria dos portugueses está hoje capturada por uma situação de endividamento excessivo. A taxa de poupança está num mínimo histórico, não devendo recuperar devido à recessão iminente e às medidas de enorme austeridade que o governo vai impor aos contribuintes para cumprir as regras do défice e acalmar os mercados. O BdP analisa o comportamento dos clientes, mas não apura, neste estudo, as falhas de informação ou omissões por parte das agências bancárias que possam ter contribuído para este problema.
De acordo com o estudo conduzido junto de duas mil pessoas, no início deste ano, os inquiridos mostram ter uma relação algo perigosa com o cartão de crédito e com os descobertos bancários. Cerca de 52% afirma usar o cartão de crédito na modalidade "pagamento total", que permite adiar por algumas semanas o adiantamento de dinheiro sem juros. Mas 42% admite usar o chamado "pagamento parcial", isto é, incorre em juros altíssimos (costumam ser praticadas as taxas do crédito ao consumo) para evitar a liquidação da totalidade da dívida que tem ao banco contraída através do referido cartão. Mais problemático é o facto de, naqueles 42%, mais de metade admitir que "sabe por alto" os juros e encargos em que incorre por optar por essa modalidade de cartão de crédito; cerca de 27% diz mesmo "não saber" os custos a que está sujeito.
Cerca de 25% das pessoas abordadas diz que usa com frequência os descobertos na conta à ordem e 37% refere que usa de vez em quando. Dos que usam regularmente este esquema, 33% admite que não sabe quais as taxas de juro e comissões cobradas pelo banco e 43% sabe apenas "aproximadamente" qual o custo dos descobertos bancários.
O ponto alto do sarcasmo na apresentação deste estudo, ontem em Lisboa, Carlos Costa destacou o facto dos clientes terem uma relação de "grande confiança" com os bancos. "Tomara outros países" poderem gabar-se de terem uma relação de grande confiança como a que existe em Portugal, disse o líder do banco central. De facto, 24% das pessoas diz que não lê, confia na informação dada pelo funcionário do banco ou lê com pouco detalhe os contratos dos produtos bancários. A confiança é exigida de cima e oferecida de baixo e nunca o contrário.

Sem comentários:

Enviar um comentário