Os 100 metros de comprimento do Turbine Hall no Tate Modern Museum de Londres recebe a primeira instalação do artista chinês Ai Weiwei, são cerca de 100 milhões de sementes de girassol pintadas à mão "Made in China" espalhadas pela sala.
À primeira vista parece aborrecido todo aquele campo cinzento, mas nada na arte é o que parece. O visitante pode andar, saltar, rebolar ou até dançar, deixando um rasto de sementes quebradas, reduzidas a pó a cada passo que dá. Ou pode apenas observar detalhadamente uma, sabendo que alguém dos 1600 artesãos, uma senhora idosa ou uma pequena criança da aldeia de Jingdezhen, as delicadamente pintou à mão uma a uma. Outrora grande cidade que fazia exclusivamente porcelana para a corte imperial chinesa em 1000 anos agora vive tempos de degradação.
É uma metáfora poderosa. Uma imagem da globalização. A semente de girassol faz referencia à vida quotidiana, à fome, durante a Revolução Cultural era um suporte de confiança alimentar em tempos apertados, bem como existia a associação de Mao, o Sol e o povo, os Girassois, que seguiam com o olhar encantado o seu rosto. É o passado histórico da China, a modernização ocidental, o sistema ditaturial do capitalismo chinês e o preço que os seus cidadãos pagam por isso.
Sem comentários:
Enviar um comentário